A INFLUÊNCIA DO MITO!
A passagem do técnico Renato Portaluppi pelo Grêmio abre um espaço muito bom para discutir-se o tema: mitos no esporte.
Até que ponto a presença de um ex- atleta, ídolo, vencedor em campo, ícone, enfim uma figura de relevância e adoração pode estar acima de uma Instituição?
Devemos separar o profissional do passional, do afetivo?
Bem, penso eu, que aí está a razão dos insucessos nos clubes brasileiros: os dirigentes não estão preparados para lidar com a passionalidade.
Que os torcedores se deixem levar pela emoção, pelo coração é entendível e mais, necessário, pois aí as Instituições se fortalecerão pelo amor incondicional destes.
Mas quem dirige precisa saber que depende dele a organização, o planejamento para conquista de grandes resultados que farão os torcedores felizes e como em um circulo se completarão: resultado-torcida alegre-aporte financeiro.
Na verdade o que ocorre é que os dirigentes são antes de tudo torcedores e agem pela emoção. Balançam com as cobranças pela falta de convicção, de planejamento e organização, enfim, falta de visão de gestão.
Os ex-atletas deveriam ficar como ídolos em campo, naquilo que foram bons e reconhecidos.
Quando trocarem de função, terão obrigatoriamente que serem analisados por suas ações nesta nova empreitada, ou seja, começarem uma nova caminhada em busca de reconhecimento e sucesso.
O CASO DO GRÊMIO:
Desde muito tempo, se notava que equipe do Grêmio não apresentava padrão de jogo, organização tática, convicção de sistema de jogo.
Seu treinador demonstrava claramente não ter capacidade organizacional e leitura de jogo. Mas a direção do clube não podia mudar, pois estava refém da IDOLATRIA EXACERBADA ao ex-atleta. E quem perdeu com isso?
A Instituição. Pois deixou de ganhar um titulo gaúcho, perdeu credibilidade esportiva e manteve seu ídolo intacto.
Quando um gestor se dá conta, ainda que tardamente, desta carência de qualificação profissional do ídolo e muda, passa a ser criticado e trona-se responsável por uma “crise”.
Quanto tempo isto durará?
Creio que por um período ficará a incerteza da ação: será que foi certo a troca?
Mas à medida que os resultados apareçam, um novo processo de passionalidade se formará e o ciclo se inicia.
E o ídolo Serpa lembrado?
Sim, sempre como aquele que marcou época, mas nunca maior que o clube. Ídolos passam, marcam seus períodos, mas Instituições ficam e se perpetuam, como instrumento de forja para novos ídolos!
Então, reflitamos:
Até que ponto ídolos em campo poderão ser gestores de equipes?